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Caracteristicas principais da Umbanda

     
   Podemos dizer que a Umbanda é um sistema religioso fundamentalmente naturista, isto é, trabalha com as forças da natureza, assim como com espíritos contemporâneos, ou não, pesando expressivamente em seu exercício as vibrações das Almas. O leigo muitas vezes confunde a Umbanda com outras religiões que possuem nomenclaturas semelhantes a Umbanda, no entanto a semelhança é meramente aparente e termina aí. Neste ponto é que gostaríamos de colocar alguns itens que consideramos fundamentais. O fato de termos raízes africanistas, e cultuarmos Orixás, gera muita confusão e sobressai a necessidade imperiosa de definir limites bem claros. Não temos a intenção de comentar outros credos, temos sim, intenção de vincar nossas assertivas. Trabalhamos exclusivamente visando o bem, 
a caridade e a evolução espiritual de todos. A Umbanda não faz despacho em encruzilhadas, não faz matança de animais, não suja a natureza, não cobra consultas e trabalhos, não faz trabalho de "amarração"!. Não temos feituras de cabeça, raspagens, camarinhas, roncó, corpo fechado, ebós, orunkô, feitura de santo, bascos, firmo de nação, etc. As sessões obedecem a horários pré-estabelecidos, para início e término. Nas sessões ou em rituais fechados de Umbanda não há abate de animais ou de qualquer outro ser vivo.  As oferendas aos guias, ou entidades menores, são realizadas em locais determinados normalmente junto a natureza, ou reinos apropriados, ou até mesmo dentro do próprio terreiro quando é possível. Lembrando sempre de deixar o local limpo como foi encontrado. Somos absolutamente contra, por exemplo, acender velas perto de árvores (risco de incêndio) ou numa pedra (sujeira da cera). Nós amamos a natureza e as suas energias, como podemos sujar os locais sagrados para nós?  Na Umbanda a vestimenta básica é toda branca em todas as giras. Não há retribuições financeiras por trabalhos executados, consultas, ou o que quer que seja.    A ascensão ao sacerdócio na Umbanda, se faz através do tempo, da propriedade individual, da constância, dedicação, estudo e seriedade com que o médium se propõe a caridade. O trabalho e o tempo, a dedicação e o estudo profundo é que fazem a firmeza do médium. E tudo isto não acontece de uma hora para outra. A prática religiosa deve ser realizada em locais específicos, nos centros. Não aprovamos e não permitimos atendimentos nem na residência do médium ou em qualquer outro local, sem a devida vênia e conhecimento da Direção do nosso Centro. Alertamos sempre que possível, sobre o julgamento, não devemos julgar, e pior do que isto, trabalhar em detrimento de quem quer que seja julgando a causa. Se temos um problema nas mãos, procuramos através da meditação, através da fé, o esclarecimento que seja específico. Imersos em emoções, não há quem se julgue errado, o adversário sempre está errado. Não devemos receitar, se for necessário, procuramos dentro dos elementos mágicos que nos são atinentes auxílio, não somos médicos. O médium não deve precipitar independência mediúnica. É necessário estar bem certo do que se faz. O trabalho vinculado a uma Casa de Caridade é fundamental. Lembre-se que no Centro acodem falanges de trabalhadores, sozinhos não temos esta mesma proteção. É comum também o médium acreditar que determinados ritos (externos aos ritos da Umbanda) vão lhe conferir maior força, ou maior propriedade de trabalho. Se isto for imperioso na sua vida, esse médium deve procurar outra religião que lhe seja mais cara. Na Umbanda o preparo se dá através dos anos de trabalho, dedicação, estudos e preceitos, e portanto procuramos compreender melhor os mecanismos sutis. O trânsito de uma a outra religião é até certo modo compreensível, pois o homem sempre busca algo que lhe complete, no entanto não vamos confundir, ou tentar adaptar circunstâncias, ou seja, se você acredita que o ritual de preparo de Umbanda não lhe é suficiente, procure outra religião. Nós não adaptaremos rituais ou fundamentos para atender necessidades individuais, maculando a Umbanda. Buscaremos sim, dentro dos rituais da Umbanda atender as suas necessidades, mas você tem o seu livre-arbítrio. 
              Escrito por:José Francisco Vianna Pereira e Mãe Iassan Aiporê Pery

Historia da Umbanda


No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.

Esses "ataques" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.

Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado.

Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.
Casa onde foi Foi dirigida a primeira seção de Umbanda

Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.

O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.

Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: _"Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor ?"

Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.

Um médium vidente perguntou: _"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

_"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."

_"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:

_"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”

O vidente retrucou: _"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:

_"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".

Para finalizar o caboclo completou:

_"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.

A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.

O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.

Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:

"_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."

Após insistência dos presentes fala:

"_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."

Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

"_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca."

Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".

No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.

A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das mencionadas.

Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "_Não os aceite. Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.

A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda. O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.

O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.

Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.

Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:

"A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".

POSTADO POR UMBANDA CAMINHO DA FÉ 

A Umbanda tem cor?


A Umbanda tem cor?

Tem sim sinhô!
Ela é preta, ela é branca
É de Nosso Sinhô!
A Umbanda tem raça?
Como não tem!
Ela é negra, é ameríndia
e européia também!
A Umbanda é das elite?
É de toda classe sociár!
Ela é dos fios de Zambi
Prá fazer o bem e arretirá o mal!

A Umbanda tem cultura?
Tem fios meus!
Do perdão e da bondade
Que sempre acolhe os seus!

A Umbanda tem História?

Tem meu sinhô!
Basta ver sua trajetória
Nos exemplos de amor!

Mas, a Umbanda tem pressa?

Tem não fios meus!
Cem anos passa ligeiro
Tem fio que nem se apercebeu!

A Umbanda tem objetivo?

Com num tem seu dotôr!
Vem fazer a caridade
Em nome do nosso Mediador!

Mas, qual a cor da Umbanda?

Eu careço de saber!
Prá poder apensar nela
Dentro do meu camutuê!
Prá que tanto de avexame?
Nega veia já vai falar!
Suncê inda num aprendeu
Que agonia faiz é má!

Mas, que cor é essa minha preta?

Deixa de tanto arrudear!
E eu lhe arrespondo meu fio:
Ela é da Cor da Bandeira de Nosso Pai Oxalá!


Salve o Povo de Umbanda!

- Vicentina de Angola - Médium Mãe Luzia Nascimento

O que representa a Umbanda na vida das pessoas!!



     A Umbanda sempre me leva a grandes reflexões e a um turbilhão de sentimentos. Algumas indagações e sentidos sempre rondam meus pensamentos, assim como, acredito, o de muitas outras pessoas.
     O que representa a Umbanda na vida das pessoas? Será que a Umbanda representa Desejos, Necessidades, Trocas ou O querer a qualquer custo? Será que representa somente incorporar ou ‘meu Guia sabe tudo’? Será que representa a inconsciência mediúnica caracterizando o médium como uma marionete? Ou, pior, um ser sem possibilidade, força e equilíbrio mental e espiritual para controlar seus impulsos, vícios e vaidades, além de não sustentar a ação de uma Força Superior dominando suas ações?
     E como será que a Umbanda está sendo praticada? Será que a Umbanda está sendo praticada somente no dia de gira? Aliás, abençoada a casa que hoje, depois de cem anos, abre seus trabalhos regularmente e semanalmente ensinando e doutrinando seus médiuns e consulentes, deixando de lado a preguiça e o estímulo aos milagres.
Será que, ainda hoje, a Lei de Salva é praticada na Umbanda? Será que ainda temos médiuns e pais-de-santo afirmando que um trabalho espiritual é um ‘ Trabalho’, portanto deve ser cobrado? Será que a política deve ser estimulada dentro da religião como sendo imprescindível para sermos respeitados e como a salvação de nossos direitos?
     São tantos ‘serás’ que chego à conclusão de que falta muito para nos considerarmos verdadeiramente umbandistas, afinal a Umbanda vem sendo tão mal trabalhada, praticada e entendida que muito me entristece. Muitos já não sabem ‘o que é’ e ‘o que não é’ Umbanda, ninguém mais sabe ‘o que está certo’ e ‘o que está errado’ dentro da liturgia umbandista e da religião, não se tem mais uma ‘Linha’ a seguir, as ‘invenções’ e ‘criações’ não param de surgir e são, muitas vezes, totalmente desnecessárias, chegando à beira do ridículo.
     É inacreditável, mas muitos ainda não sabem que a Umbanda é uma Religião e muito menos conhecem sobre sua doutrina, ritos, rituais e cultura, não sabem argumentar, explicar, defender a sua própria crença, não sabem diferenciar Umbanda de Candomblé ou Quimbanda e outros ainda a tratam como espiritismo ou Umbanda Branca como se houvesse Umbanda Preta, Vermelha, Azul…
     E o modo de ver é que: ‘se incorporou, então é Umbanda’ ou ainda, ‘para soluções rápidas e milagrosas, vá à Umbanda’, consequentemente ela é tratada como fenômeno mediúnico apenas, como momento de êxtase ou pronto-socorro.
     Estão esquecendo como surgiu a Nossa Religião e para que veio, estão esquecendo as palavras do querido Caboclo das Sete Encruzilhadas dizendo que a Umbanda seria uma religião sem preconceitos e que a humildade seria o prisma da Umbanda, que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados.
     Estão esquecendo os avisos do Caboclo : “a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; da médium mulher é o consulente homem”.
     E complementa: “É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em   Deus e a paz entrará em vosso lar”.
     Estão esquecendo que a Umbanda como Religião veio sustentada pelo Astral Superior para nos levar a um auto-conhecimento, a uma interiorização e evolução espiritual, conhecendo nossos desequilíbrios e modificando-os, ou seja, uma religião que exige a tão conhecida, porém tão pouco praticada REFORMA ÍNTIMA.
     A Umbanda é uma religião tão Divina e significativa que é a única religião que necessita do HOMEM e de seu ÍNTIMO como sendo o centro de tudo, ou seja, se o médium for Bom, sua Umbanda será Boa e Bem praticada, porém se o médium for vaidoso, só pensar em dinheiro, ostentar o poder e a ignorância, a Umbanda refletirá esses aspectos e, infelizmente, é isso que vemos hoje dentro da Umbanda.       Percebam que a vida particular de um padre, por exemplo, não reflete em sua religião ou no momento em que está realizando a missa, o mesmo acontece com outras religiões.
Portanto, vale a pena refletir: será que aquele médium que briga durante a semana inteira, reclama, xinga e fala mal de todos e tudo constantemente, bebe, se droga, ostenta o poder, trapaceia, tem a capacidade ou a afinidade de, no dia da gira, incorporar uma Entidade de padrão vibracional elevado? Claro que não! Portanto se quisermos ter uma Boa Umbanda temos que ser Bons médiuns, temos que praticar a religiosidade e a reforma íntima todos os dias da semana.
Escrito por Mãe Mônica Caraccio